Durante o tempo em que morei em Nova York, entre 1995 e 2007, o censo demográfico mostrou um aumento significativo da população latino-americana. Em 1996, um terço dos imigrantes que morreram na cidade foram enterrados em seus países de origem, sugerindo a manutenção de fortes laços com a sua terra natal. Nova York, como em nenhum outro lugar, é possível encontrar latinos de diferentes origens convivendo lado a lado. De que maneira experimentam esse encontro em uma sociedade que muitas vezes não compreende a diversidade da cultura latino-americana? Talvez a própria expressão “latino” não seja suficiente para definir as identidades multiculturais destas populações; estas fotografias procuram contribuir com o debate sobre a integração destas populações na sociedade norte-americana e as repercussões culturais e políticas nos países deste continente.

Desde 2018, a Nicarágua voltou a aparecer na mídia brasileira e internacional em consequência da onda repressiva impulsionada pelo regime de Daniel Ortega. A presença do país centro-americano no debate internacional difere muito da experiência da década de 1980. À época, a Nicarágua era compreendida a partir da experiência revolucionária liderada pela Frente Sandinista, que mobilizou o ideário de mudanças democrática em vários contextos da América Latina…

Este ensaio fotográfico foi realizado principalmente durante os governos de Néstor e Cristina Kirchner (2003-2015), período marcado pela recuperação da Argentina após a crise agravada pelo “corralito” (2001), medida econômica do ministro Domingo Cavallo. Foi um período de empobrecimento de parte da sociedade argentina e ao mesmo tempo (ou por conta disso) de grande engajamento social. As cozinhas populares se multiplicavam, a capital recebia um contingente de descontentes que exigiam um estado de bem-estar social e engrossavam os protestos no centro do poder.

Em dezembro de 1981, durante a Guerra Civil de El Salvador (1980-1992), o Batalhão Atlácatl, unidade das Forças Armadas treinada e financiada pelos EUA, massacrou mais de mil civis em El Mozote e arredores, na província de Morazán. A maioria eram mulheres, crianças e idosos, tornando-se um dos episódios mais brutais da história latino-americana.  No contexto da Guerra Fria, o governo salvadorenho tinha apoio militar dos Estados Unidos na repressão a guerrilheiros de esquerda…

Em outubro de 2000, deixei meu quarto em Nova York, guardei meus pertences e viajei para o sul dos Estados Unidos para conhecer o trabalho do sindicato dos trabalhadores rurais. Passei alguns dias na sede do sindicato em Phoenix, ouvindo casos trabalhistas apresentados por jovens imigrantes recém-chegados. Nos doze dias seguintes, documentei as jornadas exaustivas na colheita no meio do deserto, enquanto me hospedava na casa de um mexicano-americano. Essa experiência revelou as condições desafiadoras enfrentadas por esses trabalhadores, destacando a luta por direitos e dignidade em um cenário de imensa adversidade.